Eu sou a favor porque eu mesma tenho distrofia e eu preciso da célula-tronco para me curar e eu só tenho 10 anos e quero viver a minha vida daqui para frente sem doença porque eu tenho muita coisa para ver e ouvir, andar e continuar vivendo minha vida.
Allen Lohanny
"Desde o acidente, todos na família deixaram seus afazeres para cuidar de Herbert. Nos primeiros dois anos, eu viajava 100 quilômetros diariamente para cuidar dos contatos com médico, compra de medicamentos, cuidar de sua vida pessoal. A mãe ficou com o cuidado com os netos. O irmão, Helder, é um anjo da guarda, o acompanha para todos os lugares. Apesar disso, a vida dele é muito solitária. Felizmente, ele não sofreu o impacto da perda da mulher logo de início. Até hoje ele não se lembra da fase hospitalar. A volta ao trabalho é um grande lenitivo para compensar a perda lamentável da esposa e dos movimentos. A cadeira dificulta a movimentação nos palcos, mas ele reage bem. Há poucos dias confessou que isso permite captar melhor a reação do público.
Eu procuro nas pesquisas com células-tronco uma luz no fim do túnel para meu filho e para muitos outros brasileiros. O que me preocupa é que a lei trata de soja transgênica e células-tronco, dois assuntos polêmicos e distintos. Os holofotes acabam se voltando para o primeiro. Além disso, os órgãos religiosos influenciam as decisões com equívocos tremendos. Eu nem entro no mérito religioso de discutir se há vida nessas células. Eu só quero discutir que elas serão descartadas. Se as células congeladas são vida deveriam ser batizadas e enterradas, em vez de serem jogadas fora. Se é vida, não pode ir para o lixo. As pessoas não compreendem a profundidade do desespero das pessoas que precisam. O governo tem o compromisso social de permitir que a ciência ajude a recuperação dessas pessoas. Hoje elas são uma despesa, mas elas podem ser produtivas novamente."
Hermano Paes Vianna